Infinito a infinito

Exibição de obras em lineart de Manoel Felipe Doria, com texto e curadoria de Mônica Hirano

Linha é a trajetória vetorial de pontos em sequência definidos em espaço e direção, carregando em si a ideia de movimento. Ela também conduz a construção linear de uma história, sendo o elemento visual que delimita e habilita orientações.



O traçado da linha é possível através do comando mental e da habilidade manual e/ou corporal de quem a executa. Nasce da abstração da criatividade humana e se torna física quando há interação entre a infinidade do canvas em branco e a completude do movimento com a tinta.

Qualquer obra de arte traz a linha como base, sendo ela na estrutura, processo, detalhe ou criação final. É surpreendente a possibilidade de representar tudo o que é complexo através de uma simples linha. A lineart tem a capacidade intrínseca de conectar o artista à sua mais íntima necessidade de expressão, direcionando sua concentração para o essencial visual.

Esta técnica também expressa uma grande variedade de estados de espírito, uma vez que reflete a intenção do artista, seus sentimentos, emoções e principalmente sua visão de mundo. Doria trabalha com um traçado característico, totalmente intuitivo, linear e rápido.



A velocidade do traço se associa à sensação de segurança pois transmite de imediato o objetivo que busca, costurando com clareza o seu enredo imagético. É no traço veloz que desenvolvem-se o contorno, o detalhe, a luz e a sombra.

Infinito a infinito é uma exposição que reflete a relação com essa tipologia de traçado. Afinal, linhas paralelas possuem muito em comum, mesmo que jamais se cruzem. Por outro lado, qualquer outro par de linhas retas se encontram somente uma vez e depois se afastam no infinito. Através da expressão do artista, convidamos o olhar do(a) visitante a refletir sobre a magnitude da linha, do seu movimento, de suas encruzilhadas, necessidades, anseios e a busca de soluções para uma narrativa essencial.